7 Dicas para não tornar-se um leitxr-bolha

Já discute-se no âmbito da informação e das redes sociais a criação de bolhas em que as pessoas isolam o divergente buscando apenas afirmações daquilo que procuram e acreditam, processo que tem colaborado para a polarização no mundo. Este é um fenômeno, ainda que silencioso e perceptível, já ocorre entre os leitores possibilitando um tipo de "leitor-bolha" fechado a uma diversidade de leituras, o que, para no caso da literatura pode ser um belo problema. Neste post, observando que quanto mais diversa forem nossas leitoras, mais provável sejamos de compreender os outros, especialmente o diferente, listo 7 dicas para não tornar-se um leitor-bolha:

1 - Não seja refém de um gênero: A palavra refém aqui talvez seja inapropriada, contudo pareceu-me um bom exemplo para demonstrar que parte da parcela leitora (e aqui incluo livros, pdfs, piratex, blogs etc.) sob diferentes argumentos (às vezes reproduzindo mesmo a velha otimização de tempo utilizada por acadêmicos) opta por ler exclusivamente um gênero literário, não abrindo-se para nada além deste. Isto é um tanto delicado de modo que cada gênero poderá apresentar discussões com melhor ou pior efeito de modo que abrir-se a diversidade estética e temática lhe contribuirá para a observação de diferentes perspectivas, e de diferentes formas;

2 - Não demonize os clássicos, não demonize os novos:  Um discussão inócua e infértil que me incomoda desde antes minha entrada na academia, como após, porque vejo prejuízo nas duas formas de antagonismo. Para muitos, o problema é que não se leem os clássicos e enxotam qualquer abertura a novidades, do outro se fala da "chatice" dos clássicos e se lê muita coisa velha com roupas novas, contudo o equilíbrio pede (talvez exija) que estejamos abertos a amplas leituras de modo que possamos ler os clássicos e observar o diálogo entre estes e os contemporâneos do mesmo modo que estejamos abertos a ler os contemporâneos que um dia poderão tornarem-se clássicos, sem falar que só com a leitura de ambos seremos capazes de observar e encontrar as verdadeiras inovações;

3 - Não procure apenas o que você quer ouvir: Com diversas plataformas, sites e mesmo nas livrarias virtuais muitos leitores definem suas leituras pela segmentação prévia em busca daquilo que querer encontrar/ler num livro. Penso que aqui vale o mesmo aviso de atenção ao risco do que já observamos nas redes sociais, transformando nossas leituras numa busca por aquilo que queremos ler ou confirmar. Isto acaba indo justamente ao polo contrário do que, ainda com dificuldades de definição, a literatura sempre foi: capaz de nos desnortear. Além disso, ao procurarmos em nossas leituras apenas por uma confirmação ou de um empoderamento enganoso, corremos o risco de seguir exatamente o caminho contrário, isolando-nos em grupos iguais ou semelhantes, mas entretanto sem jamais tocar o cume da montanha de modo a realmente alterar qualquer sistema;

4 - Não seja totalitário/a: Participar de grupos e movimentos é uma coisa bacana e legal desde que ao ingressar isso, explicita ou implicitamente esteja a carga de que ou por militância excessiva ou por regramento lhe impossibilite de diversificar suas leituras ou procurar outras informações porque um dos princípio básicos do conhecimento é divergência, tanto que se continuássemos a pensar exatamente igual ainda hoje acreditaríamos termos sido fabricados como tijolos numa forma de barro, ou que o sol era nosso servo luminoso;

5 - Diversifique: Até agora tivemos itens um tanto demonstrativos, passemos a questões propositivas. Como disse, não podemos hoje conceber o leitor a quem "tenha lido x livros nos últimos três meses", afinal as pessoas leem nos celulares, nos computadores, nos e-readers, sem falar na páginas, blogs e outros sistemas em que se tem produzido literatura. A dica é, não fique numa única temática, num só gênero, diversifique, pesquise, procure por coisas que para além do seu interesse possam ter uma reflexão legal para além do seu próprio "eu". Em muitos fóruns esta posição pessoal minha não é vista animadamente, entretanto é um princípio que sigo es as próprias resenhas aqui do blog podem confirmar, pois imagino que não possuímos uma leitura diversificada porque temos uma mente aberta, mas sim abrimos nossa mente e nossa tolerância e compreensão justamente porque temos leituras construídas na diversidade;

6 - Leia coisas incômodas: Segmentar a escolha de leitura (algo que o próprio mercado nos estimula com seus distintos selos) está eivado pelo comodismo de não nos incomodarmos, mas acreditem, isso é necessário. Ao menos uma ou duas vezes por ano, por exemplo procure por uma leitura que tenhas certeza de que vai te incomodar. Nós como leitores, precisamos ser provocados, estimulados, incomodados, pois quando a literatura não nos traz isso é porque provavelmente alguma coisa está errada;

7 - Não tenha medo de se divertir, mas tampouco de levar à sério: Não sejamos ingênuos subestimando a literatura em todo o processo de formação da sociedade humana (aliás, temos uma boa quantidade de doenças originárias justamente da reflexão literária, ou discussões jurídicas a partir de exemplos e paradoxos literários), a leitura/literatura deve sempre ser levada a sério, o que não significa que tenhamos também que abrir mão de uma boa leitura de entretenimento, algumas dessas discutem com bastante eficiência a nossa existência social. Além disso, mesmo a pior de todas as obras estará imbuída de uma ou outra ideologia capaz de suscitar discussões. Para além disso, o que nos resta são bons ou péssimos livros, mas mesmo para estabelecer esta distinção será necessário uma leitura diversificada.

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