O Blog Listas Literárias leu Pecadora, de Nana Pauvolih publicado pela editora Essência; neste post as 10 considerações da Gi sobre o livro, confira:
1 - Pecadora é um romance sobre privações e o impacto das religiões sobre a vida das pessoas, especialmente no que tange a sensualidade numa obra que ao contar uma história de amor fala mais das proibições e dos medos gerados sob a pressão do que são chamados pecados;
2 - Na trama narrada de forma compartilhada e numa linguagem simples e acessível pelos protagonistas Isabel e Enrico somos apresentadas a um triângulo amoroso em que uma esposa frustrada e um homem rico e distante das paixões encontram-se, enquanto um marido regido pelas doutrinas religiosas dirige a família com rédeas e regras firmes;
3 - Na obra, então, conhecemos Isabel, uma mulher criada nos seios de uma família religiosa de costumes rígidos onde tudo relacionado ao sexo e ao prazer é pecado, mas não só isso, visto que para cumprir com o que é esperado por todos, não só em relação ao sexo, mas em tudo haveria total submissão e abnegação sendo o homem o centro e para quem tudo se volta. Além disso, qualquer tipo de questionamento ao modelo seria visto como pecado;
4 - Não bastasse o núcleo familiar de Isabel, para completar o círculo de cobranças e imposições, ela também muito jovem casara-se com um homem religioso e pastor de sua igreja. Nesta relação, então, ele é o centro das decisões e o único a se proporcionar prazeres visto que o sexo entre os dois, especialmente para ela era tão somente um protocolo se direito a libido, desejo e prazer, até porque, para se obter isso, seria pecado;
5 - Assim, não se surpreende neste universo de desejos contidos que surja o triângulo amoroso com Enrico, um mulherengo ricaço que não tinha intenções de envolver-se emocionalmente, e que ainda tente resistir ao que sinta acaba envolvendo-se com a mulher de seu subordinado;
6 - Temos a partir disso um enredo que nos prende diante da curiosidade sobre para onde tudo isso irá, visto que as dúvidas e os anseios da protagonista saltam das páginas do livro de forma que há toda uma expectativa se ela será ou não capaz de livrar-se dos dogmas que a aprisionam de tal forma que o decorrer desta trama nos faz penalizar com Isabel e detestar sua família castradora;
7 - Contudo para além da história de amor esta é uma narrativa que tem seu valor ao discutir o impacto das religiões sobre a vida sentimental e amorosa das famílias. A carga a carregar é bastante pesada para Isabel que foi constantemente levada a anular-se diante um machismo de fé em que nada lhe era permitido e que tudo tinha de aceitar vindo de seu esposo numa relação que sexo é tão somente para reprodução;
8 - Isso inclusive nos leva a tentar compreender quem vive (e que consegue) num ambiente tão extremo de anulação, pois para quem esta liberta de viver com este tipo de correntes é difícil conceber um mundo em que tais coisas são toleradas, e mais que isso, são valores que regem suas vivências sociais;
9 - Dito isto, porém, vale ressaltar que talvez esperássemos ais sensualidade e mais romance propriamente dito, pois a trama acaba de fato é provocando essa discussão a respeito da interferência religiosa na sexualidade dos casais e também abordando de forma tangencial o machismo presente nestas culturas;
10 - Enfim, Pecadora é uma interessante leitura que de uma forma simples é capaz de contar uma história de amor ao mesmo tempo que provoca reflexões sobre um tema importante conseguindo nos prender do princípio ao fim da leitura.