10 Considerações sobre Três Vezes Nós, de Laura Banett ou como sofrer tanto em todas as vidas

O Blog Listas Literárias leu Três Vezes Nós, de Laura Barnett publicado pela editora Novo Conceito; neste post as 10 considerações da Gi sobre o livro, confira:

1 - Três Vezes Nós se propõe a revelar-nos três versões de uma mesma história que acaba flertando com a crença nos universos múltiplos pois constrói o romance três narrativas alternativas para o romance de Eva e Jim;

2 - Com isso, em cada uma das versões vamos acompanhando as diferentes tramas que de algum modo deixam a mensagem que apesar de distintos os caminhos de cada versão é como se seus protagonistas estivessem destinados a orbitar o mesmo universo ainda que em realidades distintas;

3 - Nesse sentido é curioso observar as características dos dois personagens em todas as versões apresentadas. Enquanto Eva não altera muito sua personalidade - e seus dramas - nas três versões alternativas do romance, Jim, por outro lado, revela-se com comportamentos distintos, sendo que numa das tramas temos até vontade de entrar nas páginas do livro para esbofeteá-lo;

4 - Contudo há um elemento que interliga as três histórias, ou seja a exemplificação de relações desgastadas que vão sendo empurradas com a barriga mas que geram apenas sofrimentos, mais desgaste numa discussão reflexiva sobre a insistência no que não deu certo. Talvez tala questão não esteja tão presente nos dias de hoje, porém bastante pertinente à época em que se ambienta o livro;

5 - Portanto, temos aqui um romance de possibilidades múltiplas cujas versões apresentam-se `s leitores num tom emocionalmente carregado, campo fértil para traições, inveja e outras condutas condenáveis que se espalham por cada uma das vidas possíveis de Eva Edelstein;

6 - Além disso, é preciso dizer que a existência destas três versões, bem como suas estruturas dentro da obra de ceta forma fragmentada e com seus saltos temporais e de universos demandam bastante atenção por parte das leitoras, sendo uma leitura exigente e de certa forma difícil, mas de grande validade para a leitura de múltiplas personagens;

7 - Assim, o romance nos apresenta também três visões distintas de relacionamentos familiares e que também trazem à tona os desafios enfrentado pelas mulheres nos anos 50 e 60 até os dias atuais que através da protagonistas revela a necessidade de enfrentar os preconceitos;

8 - Aliás, na bem da verdade a grande protagonista e "heroína"  "das obras"é se dúvida Eva, que nas três alternativas que o romance lhe propõe e independente das relações construídas a pobre mulher literalmente "como o pão que o diabo amassou" sofrendo com seus relacionamentos e em seus círculos familiares;

9 - Isso inclusive é um dos elementos de questionamento ao livro que acaba trazendo ares machista ainda que escrito por uma autora, pois como leitora nos solidarizamos com os sofrimentos de Eva e de todo seu padecimento resistindo em universos que ela obrigava-se a passar por tudo e aceitar seus destinos impostos. Sem falar que, por exemplo, já que estamos falando de uma obra com narrativas alternativas não custaria nada termos uma versão ao menos vantajosa para a heroína;

10 - Enfim, Três Vezes Nós é uma leitura interessante e de identidade própria mas que exige bastante das leitoras, tanto de atenção, como emocionalmente numa obra que consegue imprimir durante sua leitura os sentimentos de angústia e tristeza que compõe suas histórias.



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