10 Considerações sobre Profissão Repórter 10 Anos, ou os bastidores dos bastidores da notícia...

O Blog Listas Literárias leu Profissão Repórter 10 Anos, de Caco Barcellos e Equipe publicado pela editora Planeta; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - Profissão Repórter 10 Anos reúne diversos textos que narram diversas histórias dos integrantes do programa jornalístico ao longo de seus dez anos de existência, sendo tais narrativas construídas com boas doses de sentimentalismo e percepções, trazendo com isso um tom mais coloquial do que acadêmico;

2 - Por isso, os leitores do livro não encontrarão na obra uma espécie de guia ou obra academicista para estudantes de jornalismo, mas sim o compartilhar da ação prática, os temores e os contratempos no dia a dia da equipe deste programa que atraiu público e crítica. Neste sentido o livro surge como os bastidores dos bastidores da notícia;

3 - Essa opção por textos menos acadêmicos, uma espécie de contação de vivência pessoal, de certa forma dialoga com o formato do próprio programa, especialmente humanizando o exercício da profissão, naquilo que há de bom, e naquilo que o leitor mais experientes perceberá como incongruências, como o fato de a obra demonstrar claramente a inexistência da imparcialidade jornalística;

4 - É que na camada não perceptível, poderá observar o leitor através dos depoimentos no livro, os diferentes graus de envolvimento dos repórteres, o como a ação prática narrada por eles, em muitos momentos contradizem o discurso da tentativa de manter a parcialidade jornalística. Pelos depoimentos da obra podemos construir toda uma perspectiva relacionada ao comportamento e ação de seus autores;

5 - Dentre outras demonstrações que observamos nos artigos, justamente o fato de não ser o repórter aquele ser distante, sem envolvimento. Muitos dos artigos apresentam consciência em relação a isso, outros, ainda que o discurso seja um, a ação apresenta como as pautas e "as personagens" envolvem aos repórteres, mesmo quando estes buscam fazer o jornalismo de uma forma diferente do tradicional;

6 - Além disso, o livro em suas entrelinhas, ou mesmo em momentos fatuais confirma a desconfiança de que o jornalista não encontra a matéria, mas sim a cria. Ainda que sem uma confissão, os textos apontam para esse caminho, revelam o poder que o repórter têm em mãos, sendo de certa forma a chuva que faz germinar a plantação, pois sem ela, mesmo que esteja semeada a terra, nada frutifica. Portanto, por mais que a pauta esteja lá, se o jornalista não retratá-la, não existe;

7 - Dito isto, o livro constitui-se então numa oportunidade para admiradores do programa de televisão, jornalistas ou não, conhecerem um pouco mais sobre ele, desnudando principalmente suas relações humanas;

8 - Nesse sentido, não se pode deixar de comentar o tom reverente que praticamente todos os autores da obra prestam ao comandante do Profissão Repórter, Caco Barcellos. Em um momento o outro de seus textos individuais os autores aproveitarão algum espaço para elevar Caco ao posto de melhor e maior jornalista brasileiro;

9 - Além do mais, a obra também permitirá a seus leitores conhecer um pouco mais sobre reportagens e personagens que marcaram o programa, em muitos casos, os textos são um prólogo de como chegou-se a reportagem, evidenciando sempre em suas palavras os desafios da reportagem;

10 - Enfim, Profissão Repórter 10 Anos num tom emocional e pessoal, menos um material para estudos jornalísticos e mais uma reunião de testemunhos e depoimentos da ação humana necessária a construir as reportagens do programa e dar-lhe identidade própria é uma leitura sem dificuldades e que pode agradar pessoas da área, ou apenas fãs do jornalístico.





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