10 Considerações sobre Comandante, de Rory Carroll, ou como um ilusionista pode mudar a história de um país...

O Blog Listas Literárias leu Comandante - A Venezuela de Hugo Chávez, de Rory Carroll, e publica nesta lista uma seleção com 10 Considerações sobre o livro:

1 – Comandante - A Venezuela de Hugo Chávez, de Rory Carroll, é um importante registro histórico da Venezuela seguindo os passos de um líder que se tornou mito dentro e fora de suas fronteiras, revelando a ambivalência de um Hugo Chávez que entre erros e acertos deixou uma única certeza: Como personagem será alguém por muito tempo avaliado, debatido, sem a probabilidade de qualquer consenso sobre suas atitudes...

2 – Em Comandante o leitor acompanhará questões de natureza Macro de uma Venezuela e ebulição, bem como pormenores do poder, circulando por dentro dos muros de Miraflores, revelando o jogo de intrigas, e as tentativas de golpe que agitaram o país durante os anos que Hugo Chávez esteve no poder, bem como os que antecederam os dias de glória do comandante;

3 – Como toda boa reportagem, em seu livro, Rory Carroll busca avaliar o cenário sob todas as óticas, mantendo em maior parte do livro imparcialidade para julgar e avaliar os caminhos venezuelanos se contestar ou apoiar as decisões muitas vezes peculiares e exóticas do comandante Hugo Chávez;

4 – O livro reforça a astúcia e a inteligência de Hugo Chávez, e a forma como ele consegue dominar o jogo político mantendo-se no poder, dobrando a lei e a constituição aos seus desejos, estabelecendo no país uma figura dúbia, misto de ditador, e político democrático, mantendo-se no poder onde a força do estado sempre foi fundamental para auxiliar na hora de importantes votações;

5 – Por outro lado, o autor não deixa de destacar avanços significativos na Venezuela, como a criação dos conselhos comunais, mesmo que não se aprofundando sobre eles, e também como os moradores dos barrios enfim puderam sentir-se representados, tendo a sensação de que com Chávez também eles tinham chegado ao poder, e ganho voz e vez junto ao estado;

6 – No entanto, Carroll demonstra como tudo isso estava ligado e dependente aos petrodólares, dinheiro fundamental para mascarar uma administração deficiente, e sustentar o desejo de permanência no poder de seu grande líder, enquanto aos poucos a esperança se deteriorava com a violência e a escassez de alimentos, tudo aliado a uma inflação assustadora;

7 – Os leitores que gostam de política terão um prato cheio nas mãos para analisar algo aliás, muito comum ao jogo do poder, onde parasitas aos poucos se encaixam ao sistema, sugando recursos e mantendo-se nas sombras galgando cargos, e dinheiro;

8 – Em Comandante, se há algo que fica muito claro é a forma como Chávez manteve seu poder com mãos de ferros, com a oratória, com os petrodólares, mas acima de tudo com a arte de esconder-se quando necessário, e de atacar ferozmente quando possível, aniquilando seus inimigos, e também seus aliados quando estes acabassem pensando que podiam divergir ou contrariar o comandante. 

 9 – Comandante também nos mostra a forma ineficiente da oposição venezuelana agir, e de seus erros táticos que acabaram de certa forte para a perpetuação de Chávez no poder;

10 – Enfim, Comandante, é uma leitura firme, inteligente, que descortina aos estrangeiros os bastidores do poder venezuelano nas últimas décadas, e de como um homem idealista e astucioso conseguiu depois de um fracasso se tornar muito certamente um dos grandes mitos deste século, que por muitos anos será estudado, avaliado, rechaçado, e também glorificado, pois se algo Chávez levou para sua sepultura, certamente será a aura misteriosa e excêntrica de sua forma de governar, e o seu grande poder de liderança e manipulação das massas;


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