Voltando ao assunto muito recente de que ficção nacional não vende, o que inclusive gerou o post 7 Boas razões para ler + ficção nacional, volto a tratar do assunto, que aqui não há qualquer efeito científica, mas sim levanta alguns tópicos que ajudam (ou não) a esclarecer porque a ficção nacional tem andado longe das listas de mais vendidos:
1 - Poucos Leitores: Este é um fator que claramente deve ser levado em conta nessa balança. Ainda somos uma país de números tristes quando se trata em leitura, e isso claramente acaba refletindo no mercado, até porque além de ler pouco, livros de não-ficção, especialmente os de auto-ajuda acabam tendo preferência na hora da compra. Certamente, havendo aumento no número de leitores no Brasil, assim se criaria condições para incrementar a venda de ficção. Particularmente, acredito que no momento que a Classe C começar a consumir mais literatura, será algo muito importante para o setor.
2 - Preconceito: A ordem aqui não representa o impacto de cada motivo, mas é certo que o próprio preconceito dos leitores brasileiros com a literatura nacional acaba afastando-os dos livros nacionais. Mas como já falei antes, a literatura brasileira não é diferente das demais, possuindo seus bons, médios, e péssimos autores.
3 - Marketing ineficiente: Não podemos colocar toda a culpa em cima de autores e suas criação. Em matéria para a Folha de São Paulo, Sergio Machado, presidente do Grupo Editorial Record declarou que o investimento normal em uma ficção nacional é de R$ 2.000,00 (o que acredito não ser muito diferente nas demais casas) um valor que certamente não permite ações capazes de colocar qualquer título numa lista de bestsellers.
4 - Forma velha de divulgar: Ainda sobre marketing, e mais uma vez frisando não ser um especialista, mas é visível que as editoras falham ao manter velhas fórmulas de divulgação de livros, não passando de anúncios, contando com algumas resenhas, e quem sabe conseguindo incluir o autor em algum programa de auditório. Hoje este tipo de ação já não basta mais, e praticamente quase todas as editoras ao usar as práticas antigas demoram a compreender as novas ferramentas, em especial a internet, onde hoje em dia estão os principais formadores de opinião. Tenho convicção por exemplo, que uma ação envolvendo blogs de referência pode ser muito mais útil que a nota em uma coluna de jornal. E não há melhor exemplo que o bestseller de Eduardo Spohr catapultado ao sucesso contando com apoio de blogs e sites, especialmente o Jovem Nerd, um dos meios mais influentes da internet brasileira.
5 - A falha do estado, e da escola: E não podemos deixar de comentar a falha do estado, e da escola, cuja grade curricular é totalmente atrasada, negando especialmente o fato que a ficção nacional tenha nomes além dos consagrados, Machado de Assis, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José de Alencar, entre outros... E não estou dizendo aqui que eles tenham de ser excluídos do sistema de ensino, mas isso não impede que nossas escolas passem também ensinar sobre nossos ficcionistas contemporâneos.
6 - Fator transmídia: Esse fator torna muito grande a disparidade entre a ficção estrangeira, e a nacional. Além da ficção importada contar com muito mais suporte das editoras, inclusive de marketing, a utilização destas ficções em múltiplas mídias acaba diretamente alavancando as vendas da ficção nas livrarias. E o melhor exemplo disto é que o sucesso de As Aventuras de Pi nos cinemas, em poucas semanas levou o livro para a lista dos mais vendidos. O mesmo ocorreu com o já clássico O Hobbit que depois do lançamento do filme nos cinemas, voltou a figurar entre os mais vendidos do país. Neste mesmo sentido, há muita ficção estrangeira, sendo adaptada, ou novelizada. Já no Brasil, isto ocorre muito pouco, e no máximo os livros acabam sendo adaptados para alguma série da Rede Globo, como o recente O Canto da Sereia, de Nelson Motta;
7 - Pouca produção: Antes que me chamem de louco, sim, eu sei que há muita coisa nova sendo produzida, algumas que até nem deveriam ter sido, mas o fato é que a soma de todos estes fatores acabam diminuindo também a produção em grande escala de ficção nacional, onde não chegamos nem perto em títulos lançados com países como Estados Unidos e Inglaterra. Ainda há pouca disponibilidade de ficção nacional nas prateleiras, e isso acaba atrasando o país tanto em ter novas obras, quanto em revelar novos talentos.
E para vocês, por qual motivo nossa ficção não vende?
Além das (certeiras) razões mencionadas por você, eu incluiria descaso de algumas livrarias. Semana passada, cheguei em uma livraria de um grande shopping de Salvador e o setor de literatura brasileira tinha virado um terreno baldio onde todo mundo depositava os livros rejeitados de outras seções. Precisei até remover uma pilha de livros de uma bancada só para poder ter acesso às prateleiras inferiores.
ResponderExcluirPrimeiro quero dizer que achei o maior barato a sua iniciativa de compartilhar informações através do seu blog, além de ser organizado. Essas vária dicas através dos posts do blog vão me ajudar certamente a desenvolver minhas próprias técnicas de escrita. Tenho um blog também, mas que serve muito mais como uma espécie de rascunho, onde experimento roteiros, crio umas coisas. Escrevo ficção, poesia, prosas, frases e além desse blog, tenho um romance (o meu primeiro) em processo criativo. Achei massa teu trabalho e certamente aparecerei por aqui mais vezes para comentar, compartilhar e aprender. Um abraço forte e sucesso para nós.
ResponderExcluirAtt. Claudinha Santos
P.S.: Meu blog é http://jogandoconversas.blogspot.com.br
Caso haja a curiosidade.
Antes de concordar com alguns tópicos ou discordar de outros, eu só queria entender o que tu chama de "Ficção Brasileira".
ResponderExcluirFicção produzida por autores brasileiros!
Excluirkkkkkkkkkkk
ExcluirConcordo. E acrescento que há um problema de encarecimento de produção. Livros vendidos no Brasil precisam ter capa bonita, brilhante, páginas ultra brancas. Não sei sou das avessas, mas amo livro de bolso. E os da Pengin mesmo, com papel jornal. Gosto da sensação de ter meu livrinho qdo e onde quiser. Mas o culto ao livro da ala cult que lê (e é quem, bem ou mal, dá o exemplo da leitura e fica ululando nas livrarias) é o do livro grande, com capas enigmáticas (ou prints de filmes, blerg!) e brilhantes. É caro produzir livro assim no Brasil. Mas acho ainda que no topo de tudo está o preço final. Acho que morrerei reclamando que o empresariado brasileiro, em geral, trabalha com uma margem de lucro muito alta. Enquanto negócios muito lucrativos nos States e Inglaterra tem 10 a 30% de margem, aqui tem entre 100 e 300%. Ando vendo livros, que no lançamento estavam por R$60 vendidos por R$25. Tem mais de 100% neste preço. E vai dizer que esse preço, R$25, não tem lucro algum? Apois...
ResponderExcluirEu já nem vou falar de ficção, mas de uma forma geral, os livros de autores brasileiros são pouco lidos. Vi um comentário outro dia acerca de um livro brasileiro, e a pessoa simplesmente se espantou por saber que aquele livro que ela tanto desejava era de um autor brasileiro. História de ficção é ficção, não importa de que país ele seja. Então não entendo a dúvida do nosso amigo Társis.
ResponderExcluirBoa iniciativa essa que você teve.
Concordo plenamente. Como o Brasil é um país onde a cultura de entretenimento é baseada mais em samba e carnaval, as pessoas não se interessam por entretenimento originário daqui. Há também uma supervalorização por tudo que seja dos Estados Unidos, porque eles usam e abusam da propaganda e do marketing. Enquanto o brasileiro não perceber o valor e o poder que a globalização tem, e continuar divulgando nossos autores de forma arcaica, continuaremos tendo aulas sobre literatura brasileira somente sobre os atores que publicavam até os anos de 1980, e isso mesmo em 2050.
ResponderExcluirVocê tá dizendo que enquanto você assiste Game of Thrones e lê O Código da Vinci, o resto do país tá na rua sambando?
ExcluirQuando estava no ensino fundamental, lembro que não gostava muito daqueles livros brasileiros, que na minha opinião não eram tão bons quanto outros que já havia lido, eles eram previsíveis, e ruins. Não vou citá-los pois não há motivo. Entretanto eram autores brasileiros recentes.
ResponderExcluirPorém, quando entrei no ensino médio vi que havia muitos escritores bons que eram brasileiros, pois líamos: Machado de Assis, José de Alencar, e outros tantos autores antigos... E estes livros, sim, achei ótimos!
Pouca produção de qualidade quer dizer pouca produção. Porcaria ocupa espaço, mas não aumenta a massa.
ResponderExcluirNão precisamos de mais produção, mas mais livros bons. Precisamos que os autores tenham menos pressa de escrever e aparecer na mídia e mais capacidade de escrever e amadurecer suas obras.
Você citou alguns posts sobre marketing. Ele é fraco porque vem da época que os grandes livros eram publicados em folhetim.
ResponderExcluirEntão, penso que falta apenas uma ideia nova, que reúna um pequeno grupo de autores com mais ou menos as mesmas ideias sobre estética. Os movimentos de vanguarda começaram assim: vários autores conviviam e publicavam pra fazer a divulgação como "autores de vanguarda".
Gosto do jeito que Hemingway fazia o marketing pessoal dele. Os outros autores da geração perdida também conseguiam divulgar legal o trabalho deles, uma vez que faziam todos parte desse "pacote" de vanguarda literária.
Fazer um grupo de autores assumindo uma vanguarda nova ou uma nova "geração" na literatura é o suficiente pra começar um marketing novo (mesmo que inspirado nos anos 1920).
Leiam Magical Mystery Travel...DEMAIS!
ResponderExcluirBom, não vende, simplesmente pelo fato de poucos escritores brasileiros não quererem escrever, um: pelas causas que citou acima, e dois, porque realmente é difícil escrever ficção no Brasil, ou seja, uma ficção ambientada no Brasil, pois o Brasil é lindo, é sim, mas ele não tem o tom mágico que por exemplo se encaixe numa estória, é bem estressante porque toda a magia que você constrói não se encaixa no Brasil e por o país ser enorme, não temos nem ideia de onde pôr um personagem para morar por exemplo.
ResponderExcluirNão quero que interpretem como uma crítica ao Brasil porque não é o que eu quero, eu mesmo tento toda hora escrever algo que se passa no Brasil, eu realmente ficaria muito feliz por conseguir fazer um livro de Fantasia que se passe em território brasileiro! Cada dia fica mais difícil, mas conseguirei, pois ainda vou montar este quebra-cabeça e conseguir uma obra!
Não é que ao Brasil falte o tom mágico, é você (e também o seu público) que foram de tal maneira colonizados pela cultura pop que vocês enxergam o Brasil com olhos de fora, vocês se sentem estrangeiros em relação à cultura e à paisagem do Brasil.
ExcluirDesculpem-me mas ainda não entendi qual seria a diferença entre ficção brasileira e ficção estrangeira. Um romance histórico ambientando nos EUA escrito por um brasileiro seria enquadrado em qual categoria?
ResponderExcluirTalvez na categoria born/bosta., ou no Jim das merdas. Isso aqui é Brasil, irmão, o que tem valor aqui é drogas e políticas corrompidas. Nisso todo mundo quer tá dentro, vira notícia todos os dias, até fazem de bandidos e políticos corruptos, os maiores famosos na mídia. É certo, que nossos escritores, ainda passarão muitos invernos se queimando e ficando duro. Aqui, ninguém gosta de ler, quanto mais estudar, e quando leem, é só porcaria lá de fora. Povinho burro do caralho!.
ExcluirÉ fato, e é muito crucial para a nossa literatura e seus criadores. Fico a imaginar que, pessoas de conhecimento botou uma placa sobre nossa literatura: "Não queremos mais escritores, já temos os que nos escreveram desde o começo do Brasil". Quem vive de passado é museu, porra! O grande escritor, Ederson Maia, mesmo, fez um testamento que passará de geração a geração de sua família, para que suas brilhantes obras jamais sejam usadas para adaptação em novelas, cinema e seriados. Ele sabe que pessoas vivem usando há mídia para tentar barrar seu sucesso como escritor, por isso que esse autor sumiu das redes sociais. Segundo informações precisas, a uma conspiração de pessoas lá de fora e com pessoas daqui, para tentar foder com o escritor, que é muito criativo e inteligente. Sabendo disso, ele vive hoje no anonimato, vivendo como escritor e outras fontes. Mas usando de retaliação, ele se preparou com um tiro de canhão explosivo: Ninguém botará a mão em sua obra para adaptar ao cinema, estando ele em vida, e muito menos depois de sua morte. E vos digo: O cara é bom demais. Suas obras estão a venda no site - Clube de Autores, Americanas online, Estante Virtual e outras.
ResponderExcluirOlá, me chamo Samuel, adoro literatura de ficção. Atualmente tenho comprado sim livros bons de nossos escritores brasileiros. Fico lisonjeado de você mencionar o nosso Escritor, Ederson Maia, comprei sim um livro dele/ A LENDA DE JEOAQUIM: O FILHO DE GOY., cara, confesso: sensacional. Eu e minha família piramos. Estou sabendo que ele já pôs a venda a segunda parte da história: JEOAQUIM: O MISTÉRIO DOS GOYLUNNOS., já quero comprar, é muito criativo, até parece escritor já conhecido da ficção. Não vejo a hora de ter esse outro exemplar em mãos, para ler com minhas irmãs e irmãos, meus pais também se amarraram na história. Pena mesmo, é que, jamais poderemos ver um filme adaptado da obra.
ResponderExcluirSamuel T.B/ Araçatuba/SP.
Há um ponto que gostaria de que o autor desse interessante artigo tivesse discutido: A literatura de outros países, muitas vezes, está ancorada em hard knowledge. Em outras palavras, o escritor de outros países também é filósofo, historiador, cientista, médico ou matemático. Enfim, ler um livro em latim, inglês ou chinês traz conhecimentos úteis para a vida e para a profissão. Por exemplo, Pascal, Descartes, Voltaire, Alexis Carrel e Pasteur não são apenas grandes escritores, mas também grandes filósofos, matemáticos e químicos. Eu não conheço nenhum escritor brasileiro que tenha dado contribuições importantes à matemática e à lógica, como Pascal, Voltaire, Platão, Homero e Descartes.Em resumo, a ficção brasileira não vende porque não melhora nossas vidas e nossa compreensão do mundo. Além de ser muito chata, é claro.
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