10, dos Momentos mais apaixonantes da literatura do século XIX

O Listas Literárias Convida, hoje apresenta a lista elaborada pela autora Adriana Igrejas, Carioca, e professora da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro. Além de professora Adriana trabalha como revisora e escritora, tendo seus trabalhos selecionados em importantes concursos literários, dentre eles a coletânea dos 100 trabalhos premiados no Concurso de Redação para Professores, da Academia Brasileira de Letras e Folha Dirigida. Em 2011 publicou seu primeiro romance, A Fórmula da Vida, pela editora Letra Capital. Apaixonada pelo romantismo, ela selecionou 10 momentos marcantes deste período.




1. Senhora, de José de Alencar:  – A declaração de amor de Aurélia para Fernando;
 — Pois bem, agora ajoelho-me eu a teus pés, Fernando, e suplico-te que aceites meu amor, este amor que nunca deixou de ser teu, ainda quando mais cruelmente ofendia-te. (...)  — Aquela que te humilhou, aqui a tens abatida, no mesmo lugar onde ultrajou-te, nas iras de sua paixão. Aqui a tens implorando seu perdão e feliz porque te adora, como o senhor de sua alma. Seixas ergueu nos braços a formosa mulher, que ajoelhara a seus pés; os lábios de ambos se uniam já em férvido beijo.

2. Diva, de José de Alencar – Declaração de amor de Emília para Augusto
— Eu te amo, Augusto! Depois continuou repetindo uma e muitas vezes a mesma frase, como se estudasse uma modulação de voz que pudesse exprimir quanto havia de sublime naquele grito d'alma.  — Sim! Eu te amo!... Eu te amo!... Eram as notas da celeste harmonia que seu coração vibrava, como o rouxinol canta na primavera e as harpas eólias ressoam ao sopro de Deus. Quando ela desafogou sua alma desta exuberância da paixão, falei-lhe : — Mas reflita, Emília. A que nos levará esse amor?  — Não sei!... respondeu-me com indefinível candura.- O que sei é que te amo!... Tu não és só o árbitro supremo de minha alma, és o motor de minha vida, meu pensamento e minha vontade. És tu que deves pensar e querer por mim... Eu?... Eu te pertenço; sou uma coisa tua. Podes conservá-la ou destruí-la; podes fazer dela tua mulher ou tua escrava!... É o teu direito e o meu destino. Só o que tu não podes em mim, é fazer que eu não te ame!... Enfim, Paulo, eu ainda a amava!... Ela é minha mulher.
3. Orgulho e Preconceito, de Jane Austen – Declaração de amor do Senhor Darcy para Elizabeth; 
“Em vão tenho lutado, mas de nada serve. Os meus sentimentos não podem ser reprimidos e permita-me dizer-lhe que a admiro e a amo ardentemente.”  
4. O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë – trechos do desabafo de Catherine com Nelly sobre Heathcliff, confessando seu amor por ele;

 (...) seria degradante para mim casar agora com Heathcliff; por isso ele nunca saberá como eu o amo; e não é por ele ser bonito, Nelly, mas por ser mais parecido comigo do que eu própria. Seja qual for a matéria de que nossas almas são feitas, e minha e a dele são iguais (...)”
 “(...) Os meus grandes desgostos neste mundo foram os desgostos de Heathcliff, e eu acompanhei e senti cada um deles desde o início; é ele que me mantém viva. Se tudo o mais perecesse e ele ficasse, eu continuaria, mesmo assim, a existir; e, se tudo o mais ficasse e ele fosse aniquilado, o universo se tornaria pra mim uma vastidão desconhecida e que eu não teria a sensação de pertencer. O meu amor pelo Linton é como a folhagem dos bosques: irá se transformar com o tempo, sei disso, como as árvores se transformam com o inverno. Mas meu o amor por Heathcliff é como as pendias que nos sustentam: podem não ser um deleite para os olhos, mas são imprescindíveis. Nelly, eu sou o Heathcliff. Ele está sempre, sempre no meu pensamento.” 
5. A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo – Declaração de amor de Augusto e Carolina; 
Novo silêncio; ela pareceu não ouvir, mas suspirou. Ele falou menos baixo:
 — Já ama também?...
 Ela baixou ainda mais os olhos e com voz quase extinta disse:
— Não sei... talvez.
— E a quem?...
— Eu não perguntei a quem o senhor amava. Quer que lho diga?... Eu não pergunto. — Posso eu fazê-lo? — Não... não lho impeço. É a senhora
6. A viuvinha, José de Alencar – Jorge volta como Carlos, longo período após ter simulado sua morte e precisa saber se sua esposa ainda o ama. 
— Por que motivo?
— Eu devo... eu sinto que amo a meu marido.
— Morto?...
 — Sim.
 Houve uma pausa.
 — Parece-lhe ridículo esse sentimento; não é assim? Mas foi o primeiro, cuidei que seria o último. Deus não permitiu!...
E por isso às vezes julgo que cometo um crime, aceitando uma outra afeição... Devo ser fiel à sua memória!... Quem me diz que esse remorso não envenenará a minha existência, que a imagem dele não virá, constantemente colocar-se entre mim e aquele que me amar ainda neste mundo?... Seríamos ambos desgraçados! Um beijo cortou a palavra nos lábios de Carolina.
7. Cinco minutos, José de Alencar – Quando o narrador e personagem finalmente conhece o rosto de sua misteriosa amada, Carlota. 

— E me deixarás ver aquela que eu amo e que não conheço? perguntei, sorrindo.
— Desejas?
— Suplico-te! — Não sou eu tua?...
 Eu sabia que era bela; mas a minha imaginação apenas tinha esboçado o que Deus criara. Ela olhava-me e sorria.
8. Jane Eyre, de Charlotte Brontë – trecho da comovente conversa entre o Senhor Rochester e Jane Eyre que culmina com o pedido de casamento: 
 “Eu lhe digo que eu devo ir! Eu acabei arrebatada por uma espécie de paixão. Você acha que eu posso ficar aqui e me tornar nada para você? Você acha que eu sou um autômato? – uma máquina sem sentimentos? e que pode suportar ter meu pão arrancado de meus lábios e minha gota de vida esvaída de minha xícara? Você acha, que porque eu sou pobre, obscura, sem graça, e pequena, eu não tenho alma ou coração? Então você achou errado! – Eu tenho tanta alma quanto você – e também coração! E se Deus me tivesse dado alguma beleza e riqueza eu teria tornado tão difícil para você me deixar, quanto é difícil para mim agora deixá-lo. Eu não estou falando agora de acordo com os costumes ou convenções, nem mesmo pela minha carne mortal; - é o meu espírito que está se dirigindo ao seu espírito, como se ambos tivéssemos passado pelo túmulo, e nós estivéssemos aos pés de Deus, iguais, - como nós somos!
 “Sim, nós somos – repetiu o Senhor Rochester – “então, ele acrescentou tomando-me em seus braços. Pressionando-me contra seu peito e pressionando seus lábios nos meus.”
9. Persuasão, de Jane Austen – Confissão de amor de Wentworth por Anne em uma carta;

 “Não posso mais escutar em silêncio. Eu preciso te dizer pelos meios que estão ao meu alcance. Você atinge minha alma. Eu estou metade em agonia, metade em esperança. Diga-me que não não é tarde demais, que tais sentimentos tão preciosos não se foram para sempre. Eu me ofereço para você novamente com um coração ainda mais seu do que quando você quase o partiu, oito anos e meio atrás. Não se atreva a dizer que o homem esquece mais rápido que a mulher, que o amor dele tem morte prematura. Eu nunca amei ninguém além de você.”

10. Ema, de Jane Austen - Declaração de Mr. Knightley para Ema. 

"- Não sei fazer discursos, Ema (...) Se a amasse menos talvez pudesse dizer mais coisas. Mas a Ema sabe como sou. De mim não ouvirá senão a verdade. Censurei-a e repreendi-a, e a Ema suportou tudo isso como mais nenhuma mulher em Inglaterra o teria suportado. Perdoe as verdades que agora lhe digo, querida Ema, como tem perdoado outras. O modo como são ditas talvez pouco as recomende. Deus sabe que tenho sido um apaixonado bem pouco atencioso. Mas compreenda-me... Sim, bem vê, deve compreender os meus sentimentos... e retribuí-los-á se puder. Por enquanto, só peço que me deixe ouvir a sua voz, uma vez que seja."


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