10 Considerações sobre Outro Conto Sombrio dos Grimm, de Adam Gidwitz ou espelho, espelho meu...

O Blog Listas Literárias leu Outro Conto Sombrio dos Grimm, João, Um Pé de Feijão e Um Sapo de Três Pernas, de Adam Gidwitz publicado pela Galera Júnior; Neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 – Outro Conto Sombrio dos Grimm é encantador e fascinante ao resgatar as origens dos contos de fada através de uma história que a inspirar-se e como o próprio autor confessa “roubar” dos contos tradicionais elementos e personagens que ganham vida numa história própria mesmo com todas as suas referências (fica o registro que o título original faz mais sentido que o da tradução);

2 – E ao falar das origens dos contos tradicionais o autor não nos priva de cenas emblemáticas, sangrentas, ou mesmo assustadoras, mas que podem e devem ser lidas por qualquer idade já que além dos ensinamentos a obra também revive um dos prazeres fundamentais da leitura: a aventura;

3 – Para tanto o autor constrói uma narrativa em romance mas cujos capítulos iniciam-se como se iniciam os contos sempre colocando João e Jill em situações de perigo e medo que nos jogam com voracidade página após página. Da mesma fora tais capítulos vão sendo colocados numa sequência linear mas que cada um, individualmente dialoga com um ou outro conto tradicional;

4 – Além disso, nos contos em que o autor viaja sozinho (ao leitor as referências tradicionais e o que é totalmente novo são explicados ao final do livro) pelo universo da criação, a obra mantém o ritmo e a magia dos contos, inclusive com novas criações muito interessantes que não ficam devendo nada para os mestres do gênero;

5 – Outro detalhe que precisamos falar da narrativa de Gidwitz é a sua recursividade e seu amplo domínio da narrativa, pois sem exagero, o autor na obra nos brinda com uma aula de escrita criativa. Em Outro Conto Sombrio tudo é elaborado com cuidado e cada elemento que surge na obra não surge ao acaso; como se levasse ao pé da risca os ensinamentos de Tchekov cada “arma” surgida em cena será disparada por Gidwitz;

6 – Sem falar que em sua intenção de contar “a história verdadeira” de João e Jill o autor também brinca com suas interrupções carregadas de humor em que dialoga com seus leitores em pausas estratégicas da narração que nos deixa claro que para além de ler uma obra, estamos ouvindo um contador de história;

7 – Assim, com todos os elementos aqui já elogiados, o livro será na verdade mais do que uma jornada de heróis, pois ao seu final e seu desfecho nos revelará estarmos diante de uma verdadeira evolução pessoal com ensinamentos e até mesmo aquela moral da história que aqui não soa piegas ou exagerada, pois a forma com a qual o autor faz tudo isso é de uma grande sensibilidade;

8 – E logicamente estamos falando de contos de fadas (e dos tradicionais) e é claro que teremos no livro além da aventura, criaturas sinistras, mágicas, fantásticas, acontecimentos que mexem com nossa imaginação, mas que acima de tudo nos brindará com três personagens que a despeito de suas influências se constituem em novas “criaturas”, talvez as mais espertas e inteligentes dos recentes contos de fada;

9 – E o fato de a obra não se preocupar com o “politicamente correto” mas sem ter de pesar a mão, a obra resgata algo mais importante: respeitar a capacidade dos jovens leitores de interpretarem e assimilarem suas leituras, mesmo quando essas sejam violentas ou de natureza ambígua. Gidwitz escreve como os primeiros contistas, estes aliás surgem numa homenagem não menos bela ao final do livro, afinal como eu disse, aqui “toda arma é disparada”;

10 – Enfim, o livro é fantástico, mágico, viciante. Para quem gosta e ama verdadeiramente os contos tradicionais, essa é uma obra que vocês precisam conhecer.



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