10 Considerações sobre A Desconhecida, de Peter Swanson ou por que "é cilada Bino!"

O Blog Listas Literárias leu A Desconhecida, de Peter Swanson publicado pela editora Novo Conceito; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - A Desconhecida é um romance de suspense que se sustenta pelo ritmo e pelo permanente clima de mistério numa trama em que a ação também não é negligenciada. Certamente uma boa pedida para fãs do gênero e de uma boa história de crimes e segredos;

2 - Para tanto, o livro não precisa ser complexo ou inovador, nos apresenta uma trama em que George Foss reencontra uma antiga e problemática paixão do passado (por causa disso a brincadeira no título do post) que ressurge assim do nada, e de repente colocando-o numa série de acontecimentos problemáticos (revisitando o passado, inclusive) em que a vida comum e até mesmo monótona do cara será novamente revirada;

3 - E Peter Swanson apresenta esta narrativa em duas frentes temporais, o presente em que o novo encontro de George com Liana Decter além de reativar antigos sentimentos, o põe novamente na pele de "um detetive" casual em meio a uma ordem de problemas, e o passado em que o jovem e apaixonado George Foss também precisa de certa forma tornar-se um detetive ao ir ao suposto funeral de sua namorada do semestre passado. O interessante é que nos dois tempos distintos em que se desenvolve a narrativa em terceira pessoa, o autor consegue equilibrar o tom do suspense e do mistério, revelando-nos detalhes importantes em ambos os tempos como quase que se fossem narrativas distintas;

4 - E para segurar este ritmo constante do suspense, Swanson nos apresenta uma personagem dotada de identidade própria, o que é curioso em alguém que se notabiliza justamente pela falta de identidade como é Liana Decter, porque ela é justamente o centro de todas as catástrofes, confusão certa e garantida, isso no passado como no presente;

5 - No entanto, convém ressaltar que a despeito de qualquer julgamento de caráter de Liana, o autor assume ares deterministas em sua constituição como se o meio ou as situações nas quais ela estava envolvida justificassem "o nascimento da catástrofe" em que ela transformou-se;

6 - Da mesma forma, convém ressaltar que assim como a protagonista que dá título à tradução, o romance deixa por conta do leitor criar suas próprias convicções a partir dos elementos encontrados ou teorizados por George Foss sobre a a garota e toda situação, porque a priori, não há um desfecho explícito, e tudo fica no campo das hipóteses, tanto as ações de Liana no passado cuja sua ação é suspeita mas jamais inequívocas, quanto no desfecho de seu presente e seu possível destino na trama;

7 - Mas acima de tudo, é preciso dizer da astúcia e da inteligência desta personagem contraditória, que conforme nos apontam os indícios é manipuladora e altamente perigosa, e principalmente desconstituída de qualquer consciência, especialmente se optarmos por vê-la sob um aspecto mais sombrio e criminoso;

8 - Portanto, reunindo estes elementos, temos em mãos um livro que cumpre o papel de nos envolver em sua trama, de forma que o leitor avança a cada nova página curioso e excitado pelas perspectivas vindouras num suspense bastante digno dentro de seu gênero;

9 - Além disso, é uma obra que nos proporciona ação, investigação, e também boas doses de erotismo que apimentam algumas passagens da trama, o que certamente proporcionará interessantes cenas se duma possível adaptação; 

10 - Enfim, A Desconhecida cumpre seu papel. Uma narrativa equilibrada com um suspense dosado com bastante assertividade por parte do autor, além de nos apresentar personagens dotadas de identidade própria. É uma leitura de entretenimento que não decepciona, nem mesmo leitores exigentes, porque seu universo consegue cooptar com êxito o leitor para dentro da trama.



1 Comentários

Postagem Anterior Próxima Postagem