10 Considerações sobre O Mago, de Fernando Morais ou porque a história de Paulo Coelho é incrível...

O Blog Listas Literárias leu O Mago, a Incrível História de Paulo Coelho, biografia de Fernando Morais agora relançada pela editora Novas Páginas, selo do Grupo Editorial Novo Conceito. Confira no post as 10 considerações sobre o livro:

1 – Não importa se você deteste Paulo Coelho (lendo ou não suas obras), se você sequer considere-o um escritor, mas o que é incontestável é que o autor é um das figuras mais controversas e influentes personalidades da comunidade global e no mundo dos livros, e, é justamente esta jornada, de um rapaz obstinado por querer ser um escritor reconhecido que a biografia O Mago, de Fernando Morais busca apresentar aos seus leitores;

2 - Para contar a incrível história de Paulo Coelho, Fernando Morais numa narrativa, quase que em sua totalidade, de forma linear, remonta os caminhos trilhados por pelo autor, penetrando nos mais sombrios momentos de sua vida, expondo as coisas de modo que o próprio leitor vá construindo sua opinião diante das atitudes e ações do Mago, as quais Morais narra sem qualquer julgamento, sem crítica ou justificativas, e assim reconstruindo os momentos mais intensos de uma vida, que se não estivéssemos tratando de uma biografia, seria uma fantástica ficção;

3 – Na elaboração desta biografia, Fernando Morais, além de horas e horas de entrevistas, teve também acesso aos arquivos pessoais de Paulo Coelho, que os cedeu ao jornalista para que este fizesse uma grande devassa em sua intimidade, especialmente por meio dos diários de Paulo Coelho, documentos que já mostravam um sujeito obstinado, e acima de tudo com um grande objetivo para sua vida: ser escritor, uma decisão tomada ainda na juventude e que levou alguns anos para ser realizada;

4 – Com isso, o leitor de O Mago mergulha numa viagem pela vida de Paulo Coelho, mas também pela história recente do país, passando pelo período do regime militar, a contracultura, o escândalo Watergate, o envolvimento com o satanismo, a sexualidade, hippies, a reconversão pela fé, num conglomerado de acontecimentos e emoções que nos mostram uma vida vivida com intensidade e totalmente única, certamente um dos fatores que levaram a Paulo tornar-se o mito que é;

5 – No entanto, a biografia não traz apenas a parte colorida de Paulo Coelho, e não deixa de mostrar os conflitos familiares do autor, a sua rebeldia diante do mundo, seu flerte com a loucura, os momentos em que ele agiu de forma questionável, em alguns casos, repugnante. O Mago, mais do que falar do autor Paulo Coelho, fala do homem, um homem cheio de falhas, e com virtudes também. Alguém sempre ligado à cultura, fosse no teatro, na música, ou na própria literatura, alguém cuja visão certamente propiciou chegar onde chegou.

6 – É que ao desnudar Paulo Coelho, O Mago revela alguém que a despeito de seus problemas, nunca foi ingênuo e que sempre buscou tirar proveito para si das coisas que regiam o mundo. É como sua aproximação com a crenças de Aleister Crowley em que ele sempre consegui obter dividendos, mas rompeu sem grandes problemas, ou então como ele sempre gerenciou sua própria carreira, conseguindo sempre suas exigências;

7 – Assim, esta biografia é quase que dividida em duas partes, como se Fernando Morais desejasse apresentar primeiro ao leitor, o Paulo Coelho de vida louca e insana que serviu de alicerce para um Paulo Coelho reconvertido na fé, e pronto para conquistar o mundo. O que estes dois “Paulo Coelho” possuem em comum é o objetivo comum traçado, que primeiro conheceu o mundo e bebeu de suas fontes, pare depois, enfim... se tornar em termos de vendas o maior autor brasileiro vivo;

8 – E se há uma resposta (embora creia que a biografia não busque responder qualquer coisa) para como Paulo se tornou este fenômeno editorial talvez seja os elementos sutis que vão nos revelando um Paulo com forte tino comercial e com uma capacidade incrível para vender suas ideias e seus projetos, pois não passa despercebido do leitor a facilidade com que Paulo Coelho sempre conseguia apoiadores para seus projetos, mesmo os mais loucos;

9 – Mas no fim, ainda fica-se com a sensação que a biografia acaba de certa reforçando o mito, pois como tudo no universo de Paulo Coelho, nem todos os muros são transponíveis, e se o leitor procura por uma receita ou por receitas de como o autor se tornou um grande fenômeno, não irá encontrar nada explícito, pois há ainda muitas sombras nos segredos do autor, como suas misteriosas visões, o misterioso mestre Jean, entre outros detalhes de que parecem não chegar profundamente no cerne da questão. Aliás, há muita fantasia na vida vendida por Paulo Coelho, sendo que muitas nos parecem possíveis, já outras parecem mera criação do mesmo homem que criou uma série de engodos com seu Manual do Vampirismo...

10 – Enfim, O Mago é uma obra bastante completa (mesmo que não entregue a pedra filosofal do Mago) independente seu você é fã ou não de Paulo Coelho. É uma leitura fantástica, cuja vida do biografado é tão intensa e surreal quanto a de muitas personagens da ficção. Aqui Fernando Morais convida os leitores para tirarem suas próprias conclusões sobre Paulo Coelho, com argumentos tanto para os que o apedrejam, quanto para seus ferrenhos (que nem são muitos) defensores. Para nós leitores, ou então prováveis novos autores, o Mago revela que nenhum sucesso acontece sem que haja um grande e incansável trabalho por trás de tudo. O Mago é um livro para se ler, certamente.

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