Antes de mais nada é preciso dizer que os conceitos de infância e adolescência são bem recentes, coisa do século XX, mas dito isso, hoje compreendemos coletivamente esse momento que deveria ser de proteção e também da preservação de certa ingenuidade até certo momento em que há uma passagem, às vezes abruptadas para a realidade do mundo adulto. Neste post selecionamos 10 livros cuja passagem é bastante emblemática, confira:
1 - Um encontro, de James Joyce: O conto deste autor clássico é recorrentemente citado como exemplo dessa passagem traumática, em um momento você é um jovem centrado nas aveuturas do velho oeste e em outro está nas ruas em contato direto com as perversidades do mundo adulta. A epifania dessa passagem é a questão central do conto, carregado de implícitos;
2 - Os meninos da Rua Paulo, de Ferenc Molnár: Um grande clássico sobre a infância marcado pela coletividade da amizade, também as não amizades, bem como a busca por criar um sentimento de agregação e união entre pares. As contradições da própria infância aparecem na narrativa, que ao cabo, quebra qualquer sentimento infante com episódios dramáticos capazes de mostrar que a crueza e dureza da vida está à porta [resenha];
3 - The body, de Stephen King: O mundo adulto por vezes, como diria Machado de Assis, nos faz voltar ao pai do homem, ou seja, os jovens que fomos. É mais ou menos a premissa desta novela de Stephen King que o olhar adulto retorna ao momento da passagem dessa juventude. O texto tornou-se ainda mais conhecido pela adaptação que tornou-se uma das obras obrigatórias no cinema sobre o tema, Conta comigo (1986);
4 - Mentirosos, E. Lockhart: Uma das narrativas adolescentes mais emblemáticas e surpreendentes dos tempos recentes. No romance o grupo de adolescentes em meio a uma aura de mistério e em uma ilha de privilegiados analisa as incongruências de suas famílias enquanto buscam seu próprio espaço no mundo. O livro tem um final inesperado que provavelmente a adaptação deve matar;
5 - Orelha lavada, infância roubada, de Sandra Godinho: Volta e meia cito este livro, um retrato cruel de como tratamos a infância nesse país. A obra é uma espécie de denúncia literária (isso bem antes do Felca) das condições existenciais da infância e da adolescência em um país que rotineiramente é capaz de destruir estas infâncias;
6 - Sombras de Reis Barbudos, de José J. Veiga: A juventude sob regimes autoritários é ainda mais desafiadora e num país como o Brasil a execeção, muitas vezes é a regra. Lucas, o narrador, está nesse momento de passagem, enquanto o cenário em seu redor além de insólito, é também um rito de passagem. O livro é visto como uma das nossas narrativas de formação que retratam nossa infância e adolescência [resenha];
7 -  Enfim, Capivaras, de Luisa Geisler: Falando em passagem, temos aqui outra narrativa, aliás, já além da infância, mas da passagem da adolescência para a vida adulta, marcada por bebidas e novas descobertas, mas sempre com aquela sensação de deixar-se algo para trás;
8 - O senhor das moscas, de William Golding: Este aqui não é um livro para matar sua infância, mas para literalmente matar a infância e o olhar ingênuo que muitas vezes se coloca sobre a infância. Gibson destrói a velha máxima que as crianças são o futuro do mundo e demonstra numa narrativa atroz e violenta que essas crianças, diante da possibilidade de organizarem o mundo sob uma nova forma, o fazem com os traços mais traumáticos do mundo adulto, guerra, morte, violência, pincelando a infância com um naturalismo darwinista raras vezes vistos. Um livro que te fará olhar para a infância de uma perspectiva diferente - e assustadora;
9 - Os meninos de Nápoles, de Roberto Saviano: Outra narrativa dura da passagem da infância para o mundo adulto. O livro traz a realidade de jovens italianos e suas adesões ao universo das gangues, suas experiências traumáticas e embrutecidas;
10 - A guerra no Bom Fim, de Moacyr Scliar: Talvez um dos mais interessantes romances formativos da literatura brasileira carregado de camadas, entre a metáfora infantil e o cenário ao fundo de um mundo em conflito. Além disso, o livro mostra como a infância está muito mais antenada nos acontecimentos adultos do que imaginam alguns incautos que esqueceram esse tempo de descobertas;
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